"Quanto a mim, a voz tão rouca, fico por aqui
mesmo comparecendo a atos públicos, pichando muros contra usinas
nucleares, em plena ressaca, um dia de monja, um dia de puta, um dia de
Joplin, um dia de Teresa de Calcutá, um dia de merda enquanto seguro aquele
maldito emprego de oito horas diárias para poder pagar essa poltrona de couro
autêntico onde neste exato momento vossa reverendíssima assenta sua
preciosa bunda e essa exótica mesinha-de-centro em junco indiano que apóia
nossos fatigados pés descalços ao fim de mais outra semana de batalhas
inúteis, fantasias escapistas, maus orgasmos e crediários atrasados."
Trecho tirado do livro "Morangos Mofados", do Caio Fernando Abreu.
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